1) Quais os aspectos mais importantes em um tratamento fonoaudiológico de gagueira?
Existem dois aspectos cruciais para uma terapia fonoaudiológica de sucesso para a gagueira:
- Encontrar um profissional capacitado para tratar gagueira. Ser capacitado para tratar gagueira é diferente de ser habilitado para tratar gagueira. Em princípio, todos os fonoaudiólogos estão habilitados para tratar gagueira. Entretanto, apenas uma minoria se especializa no tratamento da gagueira. Dê prioridade para fonoaudiólogos especializados.
- O indivíduo que gagueja e sua família devem estar motivados e decididos para o tratamento. Durante a terapia fonoaudiológica, é necessário observar e analisar a gagueira, modificar atitudes frente à gagueira e treinar novos padrões de fala para que se alcancem resultados satisfatórios. Portanto, motivação e determinação são essenciais para que resultados positivos sejam alcançados.
2) O tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira realmente funciona?
Sim. Existem pesquisas com neuroimagem funcional demonstrando que a terapia fonoaudiológica promove mudanças na maneira como o cérebro processa a fala. Em outras palavras, após a terapia fonoaudiológica, algumas regiões cerebrais estão mais ativadas e outras menos ativadas. Na verdade, as melhoras obtidas (tanto na fluência em si, como na forma de lidar com a gagueira) são devidas às mudanças funcionais no cérebro desencadeadas pelas técnicas terapêuticas fonoaudiológicas.
3) Como escolher um fonoaudiólogo capacitado para o tratamento da gagueira?
Dê preferência para fonoaudiólogos com pelo menos 5 anos de experiência profissional, com estudos específicos na área de gagueira (principalmente especialização, mestrado ou doutorado) e que já tenham tratado com sucesso outros casos semelhantes.
4) Como é feito o tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira?
Existem diversos métodos fonoaudiológicos para tratamento da gagueira. O método preconizado pelo Instituto Brasileiro de Fluência é a neuropsicolinguística. A abordagem de terapia via neurociências está apoiada nas seguintes premissas:
- Informações sobre gagueira: o objetivo é dissolver mitos sobre a gagueira para que o paciente compreenda melhor o distúrbio e, a partir daí, comece a modificar sua maneira de compreender, lidar e reagir à gagueira. É fundamental esclarecer que a gagueira é um distúrbio com base neurológica, ou seja, o cérebro (mais especificamente os núcleos da base) encontra dificuldades para controlar os movimentos automáticos da fala espontânea. Isso explica por que a gagueira é involuntária (ou seja, a pessoa não gagueja porque quer ou porque não tem força de vontade para falar), por que a gagueira é relativamente imprevisível, por que não é possível ter controle absoluto sobre a fala, por que ocorre grande melhora da gagueira em certas situações (cantar, ler em coro, falar com outro sotaque, etc.) e qual o papel das emoções na gagueira. Ter uma visão realista sobre a gagueira permite atitudes mais favoráveis diante das dificuldades.
- Conhecimento e compreensão das situaçoes favoráveis à produção da fluência e das situaçoes desfavoráveis à produção da fala fluente, que desencadeiam a gagueira.
- Aprendizagem de estratégias ou técnicas que favorecem a fluência da fala, tais como: diminuição da taxa de articulação (velocidade de fala), aumento do uso de pausas, suavização dos movimentos articulatórios, aumento da melodia e maior uso de gestos apropriados durante a fala.
- Compreensão e manejo das situações que desencadeiam a resposta de congelamento (freezing). Quando o paciente relata que a gagueira piora quando lê ou fala em público, quando fala com determinadas pessoas (chefes, professores, pais), quando se sente inseguro ou quando está com medo, ele fornece indícios de que entra em congelamento (freezing). A resposta de congelamento está relacionada a uma baixa geral de atividade do organismo, incluindo diminuição dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da vocalização. Quando uma pessoa (com gagueira ou não) se vê em uma situação que considera amedrontadora e não sabe como lidar com ela adequadamente, o cérebro dá uma ordem para o corpo permanecer imóvel até que a pessoa decida enfrentar ou fugir da situação. Na gagueira, a vivência de experiências comunicativas frustrantes, estigmatizadas e impregnadas de valores sociais negativos pode condicionar o disparo da resposta de congelamento (freezing). O avançado recurso tecnológico de realidade virtual está sendo testado no tratamento da gagueira para que, através da simulação de situações, as técnicas de fluência da fala e a diminuição do congelamento (freezing) possam ser mais bem trabalhadas.
- Adaptação de aparelhos eletrônicos que promovem mudança no feedback auditivo, retardando em frações de segundos e/ou alterando o tom com que a pessoa com gagueira ouve sua própria
voz.
5) Como o tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira é agendado?
Geralmente são realizadas uma ou duas sessões por semana, com duração de 40 a 50 minutos cada.
6) Qual é o tempo médio de um tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira?
O tempo de terapia depende de uma série de fatores, tais como: intensidade da gagueira, presença de outros distúrbios de fluência e/ou de linguagem, presença de outros distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, idade do paciente, aderência do paciente ao tratamento e grau de especialização do fonoaudiólogo. Em média, os tratamentos duram de seis meses (casos mais leves) até dois anos (casos mais graves).
7) Se eu fizer um tratamento especializado, nunca mais precisarei de tratamento?
O fato de ter feito um tratamento fonoaudiológico para gagueira não implica nunca mais cogitar um outro tratamento: a gagueira pode se modificar ou se agravar com o passar do tempo devido ao surgimento de outras doenças, a novas experiências estressantes que foram vivenciadas ou ao próprio envelhecimento.
FONTE:
www.gagueira.org.br
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